Análise de concentração de empresas na área da Cidade do Rio de Janeiro
Das 210 agências de propaganda apontadas neste mapeamento do município do Rio de Janeiro há uma distribuição tripartida clara: o conjunto dos bairros da zona sul da cidade (com cerca de 25 agências), o centro propriamente dito (29) e o bairro da Barra da Tijuca, sendo este último com o maior número de empresas do setor: 42.
Por detrás desta distribuição quantitativa pode-se adicionar algumas camadas de significado para além da explicação econômica que justificaria tal distribuição. No caso da zona sul da cidade, o status imputado à agência que ocupa um endereço nesta zona considerada nobre na cidade constitui um ativo no momento que uma empresa decide qual será seu fornecedor de comunicação, um setor que ainda leva em conta valores subjetivos e de imagem em suas escolhas estratégicas, principalmente no momento histórico (anos 70, 80 e 90), em que estes endereços foram definidos.
Fonte dados para mapa: Janela Publicitária
Podemos conjecturar que por este motivo, apesar de possuir o menor número de agências das três áreas citadas, é neste setor da cidade que se concentram as empresas com maior faturamento e melhor carteira de clientes. No entanto tal desenho vem sendo modificado principalmente a partir dos anos 2000 com a crescente migração e criação de agências no bairro da Barra da Tijuca, outrora um território de difícil acesso e visto de maneira preconceituosa pelo morador do Rio, que não o encarava como parte de sua geografia e “espírito carioca”. Tais características impactavam o baixo valor dos aluguéis dos imóveis em relação à sua metragem, quando comparados com os bairros da zona sul da cidade, por exemplo. E a visão de certa forma desabonadora, muitas vezes até irônica do bairro desestimulava que grandes grupos de publicidade investissem numa área de menor custo imobiliário.
No entanto, a crescente concentração econômica que a Barra experimenta no século XXI culmina com a chegada do metrô em 2016, em função das melhorias trazidas pela realização dos Jogos Olímpicos. As obras afetaram tanto a infraestrutura quanto a imagem do bairro, o tornando um espaço mais atrativo e acessível para este modelo de negócio. É possível afirmar que estas melhorias citadas, bem como outras anteriores, não impactaram na mesma proporção o valor dos aluguéis, tornando a Barra hoje a escolha econômica vista como indicada para este tipo de empresa. Por fim a área do Centro se caracterizou também como polo atrativo destas empresas, sendo sua maioria agências de pequeno e médio porte, a maioria delas atendendo clientes localizados em sua proximidade.
Temos então um desenho numérico expressivo, muito em função do valor mais atraente de aluguel de endereços comerciais e acesso fácil às empresas concentradas neste setor da cidade, mas com faturamento e carteira de clientes não comparável ao encontrado na zona sul e, atualmente, na Barra da Tijuca.
Msc. Luiz Cavalheiros
Publicitário e Pesquisador ESPM Rio